Os buracos da vida
Hoje eu me pergunto onde estou. Ainda procuro os motivos que me fizeram eu me perder dentro desse vaso de carne e osso. Se me perguntar, direi que não sei. Tenho tentado me lembrar de quem eu era, o que eu pensava, se sorria. Eu me lembro de uma reclamona, mas reclamona da boca para fora. Tudo encenação para extravasar o nervosismo, a insegurança, a insatisfação. Mas que não era somente uma reclamona, era alguém que botava a mão na massa, carregava sacos de terra, regava as plantas mesmo estando de ressaca. Sobretudo era alguém que lá no fundo acreditava que tudo ia ficar bem. Sempre. Que acreditava que era só se esforçar que tudo iria dar certo. E tinha uma determinação no pensamento. Pensava firme naquela viagem e ela acontecia. Não havia nem dúvida! A partir de um ponto que não sei qual, de um momento que não sei quando, a dúvida chegou. Hoje eu acredito duvidando. Duvidei que a vida não pudesse ser somente flores como era, que não era possível eu merecer tanta coisa boa. E nesse v...