Liberdade!




Para aquele que luta por algo, sempre há um dia de dúvida. É aquele momento do filme que o mocinho pensa em desistir. Aquele momento quando tudo parece estar perdido. Até que aparece algum sinal que mostra que aquele era o caminho mesmo. O mocinho levanta e cruza a linha de chegada, beija a garota de seus sonhos, consegue o emprego, se salva!

No filme o momento da dúvida, do desânimo, da desistência, dura alguns segundos. Na vida... ah! Na vida pode ser um segundo, dias, meses, anos! Algumas pessoas nunca mais se levantam.

É difícil continuar pelo caminho sem duvidar dele. Principalmente quando não há muitos outros que te entendam. Pode até haver aqueles que sempre te apóiam, mas, por uma misteriosa causa, precisamos também daqueles que nos entendam. Melhor ainda quando há aqueles que estão procurando a mesma coisa. Eu não sei explicar. Só sei que o ser humano precisa estar em um grupo com o qual se identifica, onde ele "se encaixa".

Pode ser que seja porque quando nós não queremos aquilo para a gente, nós simplesmente não temos muita paciência para escutar aquelas vivências. E nem é por mal. Só é difícil prestar atenção em algo que não nos interessa, apesar do amigo em si interessar. Muitas vezes basta saber que ele está bem e feliz. É mais fácil alimentar conversas sobre o que é interessante para a gente do que alimentar histórias que soam como "bla bla bla", principalmente se constituídas de reclamações.

Está aí outra artimanha humana que percebi ultimamente: a habilidade de transformar até eventos bons em ruins. Ser humano se apega ao lado ruim dos acontecimentos como mulher na TPM se apega a chocolate. Exemplo: Ganhei na loteria, mas agora tenho que me preocupar com o que farei com o dinheiro, com minha segurança, tomar cuidado com os interesseiros...

E como isso está relacionado ao começo do meu pensamento maluco?

Bom, é isso que acontece no momento de desânimo, de vontade de desistir. Na pressa de conseguir alcançar o objetivo, começamos a nos apegar ao lado ruim da luta. Eu, por exemplo, entrei em um ciclo de desânimo e comecei a pensar que estou solteira, que não tenho emprego fixo ainda, que estou longe da família, que nunca consigo continuar alguma atividade física, que estou ficando velha, bla bla bla...

Agora que as nuvens estão se dissipando tudo isto virou um bla bla bla mesmo. No entanto, me fez refletir sobre o meu caminho e sobre o que eu estou buscando de verdade. Também me fez pensar no que me levou a esse período. Cheguei à conclusão de que é como nos filmes: coisas que as pessoas falam, o que é considerado normal, o plano (crescer e multiplicai-vos) popular na sociedade, enfim, as convenções.

Não quero dizer que sou diferente, especial ou algo assim. Eu sou somente eu e até hoje minha felicidade nunca esteve acoplada à idéia convencional de casar e ter filhos. Claro que ver o mundo fazendo isso e clamando que isso é que é felicidade me faz tremer, me traz dúvidas de vez em quando! Afinal, e se eu não fizer nada disso e no dia que for uma ameixa seca concluir que isso me fez falta? Que eu fui menos feliz?

Foi aí que me veio o clique "que eu fui MENOS feliz". Isso quer dizer eu eu acredito que eu vou ser feliz se eu continuar seguindo esse meu objetivo até alcançá-lo. Fiz o exercício e pensei: "se eu morresse hoje, o que eu gostaria ainda de ter feito?". Eu gostaria de ter viajado mais e ter conhecido mais gente. E fora algumas coisas pontuais como ver o show do U2 novamente, não há nada. Não me vem à cabeça que eu gostaria de ter casado ou ter tido um filho. Se isso mudará, eu não sei. Se me arrependerei, eu não sei. Mas o que eu posso fazer a não ser viver o hoje e fazer hoje o que eu acredito que me faça feliz? NADA!

Então, primeiramente, a partir de hoje estou buscando minha liberdade. Não, não é a liberdade rebelde de poder fazer o que eu quero e não dar satisfação para ninguém. É a liberdade de ser quem eu sou, com meus desejos, vontades e sonhos. Aí você me diz que todo mundo pode ser quem é. É, pode ser, mas não é assim. É só olhar as lutas que inundam sua tela do facebook. Eu tenho que lutar por um preconceito muito mais sutil, que atingem todos aqueles que tem vontades diferentes das pessoas "normais". E todo mundo tem uma vontade dessa! E aquele que demonstra sempre recebe um olho torto. Eu já olhei torto para aquela senhora de 60 que se veste como uma menina de 20. Quem sou eu para dizer o que ela deve vestir? Se eu acho horrível, problema é meu!

Por isso tenho tentado olhar cada vez mais para o meu umbigo. É difícil. Ser humano adora reparar nos outros, julgar o outro, talvez até para se sentir melhor. Mas é preciso tentar. Por que se eu não gosto que me julguem, o que me dá direito de julgar os outros? Eu não gosto de como as pessoas me fazem sentir quando me perguntam coisas como: "mas você não tem namorado?", "mas você já tem 32 anos, quando vai ter um filho?", "mas por que você mora tão longe?", "mas você gosta de pesquisa?", etc. Eu me sinto reprimida, como se eu estivesse fazendo algo errado. Como se eu fosse velha demais para apreciar a vida de outra maneira. Como se fosse impossível ser feliz tendo tempo para fazer tudo o que gosto. Se eu não me sinto sozinha? Sim, eu tenho carências sentimentais e sexuais, claro!!! Mas isso é assunto para outro texto.

Resumindo: essas perguntas, os julgamentos que uns fazem com os outros, os olhares tortos, tudo isso só faz as pessoas se separarem em grupos onde são aceitas. Fazem pessoas se afastarem. Grupos devem existir sim, porque nenhum amigo também aguenta alguém falando só sobre uma coisa, ainda mais se não entende nada daquilo. Mas digo não à intolerância. Àquela que faço e à que recebo.

http://www.youtube.com/watch?v=gr_OpFxCx-A

Comentários

Cris Medeiros disse…
Dificilmente desisto de alguma coisa. Sou muito persistente quando busco algo. Mas confesso que algumas fichas já caíram para mim de coisas que parece que não vou conseguir, então nesses momentos direcionar o foco para coisas possíveis é o mais sábio a fazer.

Beijocas

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