Coração apertado

Há dias que acordo com o coração apertado. Na maioria das vezes é por causa de um sonho. Sonho onde uma dessas situações aparece: eu preciso ajudar alguém; alguém está muito triste; estou triste; estou fugindo; briguei com alguém; ou seja, sempre algo desesperador. Algumas vezes é com pessoas que gostaria de reencontrar novamente. As vezes é impossível e as vezes é possível.
Só sei que não faz tanto tempo assim que eu estou longe, no entanto, desde ontem a saudade tomou conta do meu coração. Uma vontade de chorar. Uma carência. Se pudesse voltava nesse momento. Já senti saudade, já senti vontade de voltar para casa, já fiquei triste por estar longe, mas não dessa forma. Como se precisasse voltar. Como se alguém estivesse precisando da minha ajuda. Uma melancolia.
Eu estou curtindo esse tempo aqui. É um tempo especialmente difícil. O final de uma fase. A tese. Novas decisões que precisarão ser tomadas. E estar aqui me ajudou a ficar calma em relação a tudo isso (antes de vir eu estava enlouquecendo). Permaneço concentrada por horas na tese. Rendeu como eu nem imaginava e na hora certa. Ainda há bastante a fazer, mas agora vejo que é possível. Só que esse sentimento tem que ir embora do meu coração porque me atrapalhou ontem na hora de trabalhar e pode continuar atrapalhando.
Esses dias foram de tentativas frustradas em gravar a vibração das abelhas no tomate (mas eu nem me decepciono mais porque esse foi o hit da tese) e de horas escrevendo a tese. O relacionamento com as pessoas está se tornando cada vez melhor. Fiz brigadeiro e trouxe ao laboratório e todo mundo adorou. Vi que foi mais que o sabor do brigadeiro. Foi o reconhecimento de que eu gosto de estar com eles, mesmo com as dificuldades de comunicação e que agradeço a hospitalidade. Todos são muito gentis comigo e conversam comigo cada vez mais. Simples sorrisos que me dizem como essas pessoas poderiam se tornar meus amigos se ficasse mais tempo.
O mesmo na residência. Cada dia tenho conversado com cada um deles um pouco mais e vejo que o interesse em conhecê-los é recíproco. Eu realmente apreciei o fato de eles me incluírem nas atividades e percebi que a língua é realmente o único grande empecilho. Eles me disseram que tem dificuldade em falar inglês e vergonha! Como todos nós. Ainda bem que a vergonha passou. Vejo ali pessoas boas e fico admirada em como eu tenho sorte. E em como todo mundo é tão educado aqui.
Ontem foi um dia especial. Eu cozinhei para eles. Foi divertido, interagi mais com as pessoas do que de costume. Me inspirei no bar brasileiro: castanha de caju e amendoim, azeitona, tomate, mortadela, queijo com azeite e orégano, lingüiça frita (parecido com calabresa) com cebola, caipirinha (achei ypióca no mercado!) e brigadeiro. Tudo ao som de Cartola, Maria Rita e Orquestra Popular Carnaubeira. Simples, mas eles adoraram, principalmente os dois últimos itens do menu (risos). E o melhor foi ver alegria nos rostos deles, o sorriso sincero. E depois da comilança, jogar pebolim e aprender mais uns palavrões em francês (risos). O comentário da noite (para mim) foi em como tudo aquilo era bom, mas engordava (risos). Eu disse que é assim mesmo, que quase tudo no Brasil engorda.
E vem aí o final de semana! Vou ver minha amiga Patucha e conhecer a casa e a cidade dela aqui. E falar português.

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