A mala - um pensamento sobre o momento de partir


Não há mala mais fácil de fazer do que aquela que você arruma quando está indo embora de vez. É só pegar tudo. É só esvaziar gavetas. E é só deixar para trás, no lixo, o que não tem mais utilidade. Simples, mas sempre algo entre a dor e o prazer. Alguma coisa boa sempre fica para trás. Aquela amizade que surgiu tão naturalmente, mas que agora faz parte da sua vida como se tivesse existido há séculos. Porque todo lugar tem algo de bom. Toda experiência muda algo em sua maneira de ver o mundo. As mudanças trazem novos sentimentos. Traz muita saudade e te faz deixar um pedacinho de si mesmo em cada lugar. Vou deixando pecinhas do meu quebra-cabeças por onde passo. Vou levando pedacinhos de pessoas que nunca esquecerei. Guardo as paisagens nas fotos e na memória. Vou aprendendo sempre no meio dessas mudanças. A saudade vai aumentando, imagino se um dia ela ainda caberá toda em meu peito. Esvazio as gavetas e me encho de esperança. Deixo, no lixo, os hábitos que não me deixam crescer. Aqueles sentimentos que não trazem luz. Aprendo que eu sou como uma mala que pode ser preenchida do que eu quiser. A minha está cheia de sonhos e amor. Quero amar o mundo! Penso que já que minha vida tem sido feita de constantes mudanças, que pelo menos eu consiga deixar um pouquinho da minha luz em cada lugar. E também levar um pouquinho da luz de cada lugar. Para que minha escuridão se acabe cada vez mais. Choro, sempre choro na hora de partir. Partir sempre parte um pedacinho do coração. Mas meu coração não é de vidro para trincar. Meu coração é de nuvem, feito algodão doce que continua doce mesmo tirando um pedaço. Quando entristece solta flocos de neves. É alimentado de doce e água de chuva. Logo ele se refaz.


Comentários

Cris Medeiros disse…
Partir me lembra mudança. E mudanças já fiz muitas na minha vida. Acho que já parti algumas vezes sem olhar pra trás, e acho que doeu bastante.
Beijocas
Ale disse…
Eu não sei ficar muito tempo não mesmo lugar... Me cansa!

Mas, a hora da mala (seja a física, ou a emocional) me desgasta, me enche de boas e más lembranças,
Me povoa o que vivi e vou deixando,

Me encanta as amizades que permanecem a distância,

Me corroem aqueles que andaram comigo e nunca mais vi, ou soube,

E sofro: algumas coisas tem mais peso do que esperava, outras, que achei importantes, não couberam na mala,


E assim vai...


Difícil



bjkas
Néia Lambert disse…
Patrícia, partir é sempre melancólico, pois por mais que queiramos ir, estaremos nos afastando de algo, seja um lugar, pessoas ou sentimentos. Mas mudanças também fazem um bem enorme, é um recomeçar!

Beijos
Teresa Brum disse…
Olá Patricia!
Adorei vir aqui, é tudo tão lindo, que não resisti e já estou a seguir.
Partir é sempre doloroso, mas quando partir significa crescimento é sempre muito bom partir.
Um abraço de chegada...feliz vida sempre.
Luria Corrêa disse…
Adorei esse texto. Estou sempre pensando nisso, sempre mesmo. Dou muito valor a cada coisinha que passa por mim, quero sempre levar um pouco de cada aprendizado pro resto da vida. Sou em em teu texto.
Seu blog é muito bom, escreves muito bem, parabéns. Já está nos favoritos.

Bom fim de semana, beijo.

Postagens mais visitadas deste blog

50 dias!

Sem vocação para árvore - No vocation for tree