Sobre encontros inesperados e fidelidade.
E por falar em
surpresas da vida... encontrei outro animal migratório. Um bem especial.
Quando
dois animais migratórios se encontram eles conversam tanto sobre o mundo. Todo
aspecto dele. E
quando eles gostam das mesmas coisas desse mundo, a conversa parece não ter
fim.
A
atração física ficou em segundo plano. O que me atraiu mesmo foi sua mente, seu
jeito de ver o mundo... quero saber mais sobre você de olhos azuis escuros e cílios
dourados.
Romance...
Pode um animal
migratório completar o outro?
Existe
tal coisa de um ser humano completar o outro?
Existe
tal coisa de um ser humano completar o outro tão perfeitamente que ele não
precisa de outro? Ou então que tire sua vontade de querer conhecer pessoas
novas? Ou então que evite que ele sinta atração física por qualquer outra
pessoa?
Um dos temas discutidos, mas que não necessariamente se relaciona ao animal migratório encontrado...
Adoro esses encontros
inesperados que me fazem refletir sobre assuntos nunca antes refletidos.
Já
pensei de algumas maneiras sobre a fidelidade em um relacionamento amoroso. Já
acreditei ser essencial, hoje já não sei o que pensar. Tons de cinza, nada é
preto e branco nessa vida.
A fidelidade é uma
consequência do amor? Ou a fidelidade é uma regra imposta pelo medo de se
perder um amor?
Nesse
mundo cheio de possibilidades quem já não quis conhecer coisas novas?
Conhecer
o novo é querer abandonar o velho?
Para
mim o amor é uma contradição. É essencial para ser feliz, mas para ser feliz é
preciso ser livre e muitas vezes o amor aprisiona. Aprisiona porque temos medo
de perder.
Se
não tivéssemos medo de perder ou tivéssemos a certeza de que a pessoa nos
ama, ainda sim nos importaríamos se o amado beijasse outra pessoa?
Se eu pensar como
bióloga diria que é uma estratégia para garantir que o descendente gerado é
realmente seu, mas isso só seria verdadeiro para os homens, porque as mulheres
tem certeza de que os filhos são delas mesmas. Bom, ao mesmo tempo é muito mais
garantida a sobrevivência dos filhos se os homens investirem neles também e
nesse caso, é melhor ele investir só nos delas. Então será que é daí que vem o
ciúme e a necessidade de exclusividade?
Porque a fidelidade não
me parece inerente ou necessária para a existência do amor. Me parece mais um
pacto para diminuir nosso medo de perder o amor, visto que esse mundo se mostra
cada vez maior diante de mim e com pessoas tão interessantes. Surpreendo-me
como encontro novas pessoas interessantes a cada dia, assim, de surpresa. E
imagino que se estive comprometida perderia todos os pedacinhos que essas
pessoas deixam na minha vida e em mim. Todas as peças do quebra-cabeça que se
perderiam nessa montagem que eu sou. Porque mesmo não sendo infiel, muitas
vezes nem nos deixamos conhecer outras pessoas quando estamos comprometidos. Parece
que colocamos aqueles tapa-olhos de cavalos e paramos de ver o mundo, sem
perceber.
PS: Não estou dizendo
que eu aceito a infidelidade ou que sou infiel, longe disso. Sou daquelas que
não vê outro na frente a não ser o ser amado, pelo menos foi assim até hoje. Sou
ciumenta e não quero dividir o amado. Mas gostaria de entender o motivo da
importância que damos à fidelidade, de onde vem esse sentimento de posse e o
que realmente seria uma traição. Já que tenho visto cada coisa...
Escrever sobre isso foi uma vitória, escrever sem pensar no julgamento. Obrigada olhos azuis escuros por me dizer "You have to be more than smart, be brave" (Você tem que ser mais que esperta, seja corajosa).
Comentários
Beijão
É quase outono aqui no sul, o vento já está mais gelado, mas não passa nenhum, migratório...
Bjkas