Menina quebra-cabeça conhece o menino de olhos azuis

Parte 1 – Antecedentes
A estória começa em 1981 na Terra do Samba, mas esta parte começa em 2009, em algum momento.
A menina quebra-cabeça queria ir para algum lugar. Ela estudou alemão, mas acabou indo para a Terra do Inverno.
Ela imaginava se ainda havia esperança para o amor na sua vida. Uma vez ela estava tão magoada, agora curada, mas tinha dúvidas sobre a existência desse sentimento, desde apenas gostar a amor eterno, passando pela paixão. Ela já se apaixonou?
Então ela foi para a Terra do Inverno.
Antes de ir ela olhou fotos na página de uma pessoa por curiosidade. Ela gostou de uma mas pensou “eu acho que ele nunca olharia para mim, ele parece tão popular e lindo”.
Ela foi para a Terra do Inverno e conheceu pessoas maravilhosas nas primeiras semanas no Primeiro Lugar. Aquele lugar prometia momentos ótimos. Mas então ela teve que ir para o Lugar Minúsculo. O trabalho foi bom, quase perfeito. Mas ela estava triste, tão triste, ela sentia falta de casa, da família e dos amigos. Ela não via a hora de voltar para a Terra do Samba!
Ela não tinha esperança em encontrar a coisa extra (amor, paixão ou apenas um beijo) que faria esta viagem perfeita. Ela pensou muito sobre o passado e o futuro. Ela tinha paz e tempo para focar. Ela passeou por todo o Lugar Minúsculo, se divertiu, viu lugares lindos, mas não encontrou nada extra!

Parte 2 – Coincidências: menino de olhos azuis conhece uma garota de olhos castanhos… ooooo a coisa mais doce!
Finalmente o dia de voltar ao Primeiro Lugar chegou. Ela estava tão feliz! Mais pessoas! Mais diversao! Ela acreditava. Bem, aconteceu. Ela queria apenas dançar. Dançar a noite toda… como ela sempre amou.
Ela esqueceu sobre a coisa extra. Ela queria apenas dançar com os amigos. O primeiro bar era chato. Então eles foram para o Segundo. E de repente, lá estava ele… o cara que ela gostou nas fotos. Ela tentou não prestar atenção, afinal, ela não acreditava que ele estava olhando para ela. Isso era meio que absurdo para ela. A menina quebra-cabeças precisava acreditar mais nela mesma e na sua beleza. Aquela noite foi o começo da Terra do Inverno mostrando para ela que ela tinha muito mais potencial do que achava. Ela o conheceu rapidamente e não tinha idéia de como iria ser depois.

Parte 3 – Primeira conversa
Dia seguinte. Surpresa! Ele estava na página dela. Ela não teve dúvidas e mostrou que ela queria encontrá-lo novamente. O que ela tinha a perder? Três dias depois eles se encontraram no Segundo Bar. Eles conversaram, ele pagou uma bebida para ela, eles trocaram número de telefone. Eles conversaram sobre comida e cozinhar um para o outro. Ela gostou dele, ele era diferente dos caras da Terra do Samba. Nenhum beijo. Na Terra do Samba ela teria acho decepcionante e estranho. Mas na Terra do Inverno ela gostou do jeito que foi. E por alguma razão ela não teve dúvida que eles se encontrariam novamente. Isso era algo novo para a garota quebra-cabeça. Ela sempre duvidava que os caras estavam dizendo a verdade, porque na Terra do Samba as regras são meio diferentes... e ela não gosta disso! Ela não gosta de jogos.

Parte 4 – O primeiro encontro
Trim trim... mensagem! Primeiro encontro marcado. Mas antes disso eles se encontraram em uma sexta a noite na casa dela, para sua surpresa. Ela se sentia tão tímida. Eles sentaram no sofá e conversaram... ela gostou dele, ele era tão calmo! O fato é que ele era diferente dos caras que ela tinha conhecido antes e tudo mais era diferente. Ele não tinha pressa. E isso fez com que ela quisesse ainda mais beijá-lo! E quando finalmente aconteceu ela se sentiu assim:
Cada toque causa um sentimento
Uma sensação
Quente
Fria
Suave
O mundo pára
A respiração pára
Já o coração...
O coração bate mais forte

Ele disse que não era justo conhecê-la e depois ela ir embora, mas imediatamente ele disse que era muito cedo para dizer isso. Ela não achava isso... para ela foi uma graça! A fez se sentir especial.
Ela estava ansiosa para terça a noite!

Parte 5 – O primeiro encontro oficial
Terça a noite, mas ainda claro. A garota quebra-cabeça encontrou a casa dele. O garoto de olhos azuis se desculpou por não estar tudo pronto. Ela não ligou, ela gostou de observar ele cozinhando, organizando as coisas... ninguém havia cozinhado para ela antes. Bem, pelo menos nada tão “chic”! E ela gostou do jeito que ele estava fazendo as coisas. Ela também observou detalhes da casa dele. Quadros que ela viu na página dele, suas coisas de DJ... discos de vinil, muitos discos!
Talvez foi a primeira vez que ela gostou de um cara desde o começo. Não talvez, com certeza! Ela era bem seletiva e difícil de agradar, mas desta vez... ela se apaixonou bem rápido. Ela não sabia se era ele ou se ela estava mais aberta para a vida! Afinal, ela decidiu viver o que estava lá para ser vivido. Ela ainda não sabe.
Eles comeram salmão, arroz e salada (com abacate e morango). E isso era um milagre! Ela comeu salada! E a garota quebra-cabeça comeu tudo! Uma mudança que iria durar…
Boa refeição, boa companhia… um passeio no parque. Ela lembrou da segunda vez que ela teve um namorado e queria ir passear na praça com ele, muitos anos atrás. E ele não quis ir porque não havia nada para fazer lá. Ela lembrou que pensou “apreciar a companhia um do outro, conversar”, mas ela não disse nada. Ela era muito tímida para dizer algo assim. Ela ainda é para várias coisas. E em todos aqueles anos era a primeira vez que alguém quis fazer isso com ela. Ela sempre olhava para casais passeando em praças, parques e desejava aquilo. Eles pararam por um momento e o sol bateu nos olhos dele... esses olhos iriam inspirá-la!
Depois de um tempo eles voltaram para a casa dele. Sobremesa! Morango com chocolate. Eles comeram, conversaram, olharam um para o outro, sentiram um ao outro… músicas agradáveis... e ela se sentiu assim:

Eu amo as pontas dos seus dedos
O toque suave ao deslizar pelo meu corpo
Calor, frio, arrepio
Olhos azuis
Eu amo as pontas dos seus dedos
Me fazem desejar o resto do seu corpo
Olhos azuis
Eu amo as pontas dos seus dedos
Que quando se juntam ao seu olhar
Tudo vira neblina
Tudo vira nada
Olhos azuis

Ela se apaixonou! Ela nunca tinha se apaixonado antes, não assim, nem perto disso, com tanta inspiração!

Parte 6 – Entre o céu e o inferno
Todo mundo notou que a garota quebra-cabeça estava diferente. Ela estava feliz. Como ela não estava há muito tempo!
A garota quebra-cabeça encontrou o garoto dos olhos azuis muitas vezes. Eles sempre jantavam, andavam, conversavam. Ela gostava de assisti-lo fazendo as coisas em casa. Ele era organizado! Ela ama isso... ama mesmo! Ela amou o jeito que ele chamava os cachorros nas ruas… um dia eles deram muita risada sobre isso! E ele também gostava de crianças... tão fofo o jeito que ele falava com elas!
Ela amava o jeito que ele a tocava, falava com ela, olhava para ela... sempre tão carinhoso.
Ela traduziu o poema sobre ele. Ela estava tão, mas tão tímida, mas fez mesmo assim. Outra coisa que ela nunca tinha feito antes!
Salada e se declarar... ele realmente inspirou mudanças.
Um dia eles deitaram no parque e conversaram, relaxaram, olharam para o céu. Um dia muito quente. Eles compraram sorvete naquele dia e passaram muito tempo fora do apartamento. Foi um daqueles momentos que poderiam ser congelados e vividos muitas vezes. Muito ruim que não é possível. E ela se sentiu triste porque logo iria voltar para casa.
Ela nunca esquecerá quando ele cantou “See you soon” (Te vejo logo) na cama, abraçando-a. Ela ainda não sabe se aquilo realmente teve algum significado. Ele era meio que um mistério. Uma vez ele disse “o que importa é que ela vai”, mas ele sempre retirava o que disse... ela estava sempre insegura sobre os sentimentos dele. Ela podia sentir que ele gostava dela, mas nunca quanto ou o que todos aqueles momentos significavam para ele. A intensidade, a importância. Ela ainda não tem idéia! Porque sempre tem diferença entre o que pensamos e o que realmente é... simplesmente porque o que nós queremos e sentimos está lá, nos cegando. E ela sabia disso muito bem, por experiência própria. Mas uma coisa era real. Ele sempre a surpreendia.
Eles assistiram apenas um filme. Os Tenenbaums. E ela não sentiu falta de pipoca! Ela estava com ele. Quem conhece a garota quebra-cabeça sabe o que isso realmente significa. Ela é LOUCA por pipoca!
Ela amava ver ele de DJ. O jeito que ele tocava os discos… de certa forma a lembrava do jeito que ele a tocava. Tão calmo atrás dos discos, curtindo a música. Ele olhava para ela as vezes e sorria. Ela nunca vai esquecer do jeito dele tocando.
Eles também tiveram ótimos momentos quando ela ensinava português para ele. Ele tinha muito potencial! E ele gostava de ouvi-la fazer a língua da Terra do Samba.
Eles tiveram momentos muito bons! E parecia que eles estavam juntos por muito temp... bem, pelo menos mais tempo do que era. Ela se sentia confortável com ele, segura e feliz.

Parte 7 – A parte mais difícil
O primeiro tchau foi fácil. Ela iria para o Norte e logo voltaria. O ônibus estava vindo. Eles se beijaram, ele disse “saudade”. Aquilo foi especial para ela. Ele lembrou como dizer isso… e disse para ela! Ela estava tão feliz aquele dia que dormiu tão bem! Geralmente antes de viajar ela não dorme. Ela se atrasou, mas essa é outra estória!
Ela pensou nele todo santo dia e percebeu como seria difícil viver sem ele de volta em casa. Sem tudo.
De volta do Norte, eles se encontraram no mesmo dia que ela chegou. Ele foi buscá-la. Ela não tinha idéia de que eles ficariam juntos quase todo o tempo restante que ela tinha no Primeiro Lugar. Ele a beijou como se sentisse falta dela, a abraçou como se sentisse saudade. Eles tentaram não pensar no fato de que logo estariam separados, mas em alguns momentos foi inevitável e eles viram um ao outro triste. Ela chorou em um momento. Mas eles também se curtiram quanto podiam. E pareceu que foi mais de um dia e meio...
Ele a levou ao lago. Muitas vezes ele disse que iria lá e ela estava feliz em conhecer o lugar. Eles deitaram na grama, conversaram e ela olhou para ele querendo gravar cada detalhe em sua mente para nunca esquecer ou para pelo menos não esquecer até encontrá-lo novamente, se eles se encontrarem. A vida poderia ser sempre assim. Sem a parte de ir embora, claro.
Ela tinha que encontrar as amigas para jantar, ele tinha que preparar suas coisas para tocar aquela noite. No caminho para o restaurante ela teve que ser forte. Tudo o que ela queria era chorar, chorar como um bebê. Foi um dos piores sentimentos que ela já sentiu. Mas ela desceu do carro e andou em direção ao restaurante. Ela queria fugir, mas subiu as escadas, tomou uma cerveja e engoliu o choro.
Ela não conseguiu dormir. No caminho ao aeroporto ela queria chorar, mas não chorou. Tudo deu errado naquele dia. Em um momento ela só encontrou um assento escondido, sentou e chorou… por tudo. Mas mesmo se ela tivesse chorado por dia ela não conseguiria ter chorado o suficiente para aliviar o coração. Foi um dos dias mais longos da vida dela! E ela não voltou para casa naquele dia.
Ele a buscou no aeroporto e eles voltaram para o Primeiro Lugar. No final foi importante. Eles conversaram sobre eles, sobre a vida. Ela sentiu que ele estava tentando manter distância. Ele estava diferente. Ela sabia que ele estava em uma situação diferente do que o normal, mas ela não sabia até que ponto era por causa disso ou por causa da situação deles. Algumas coisas ficaram mais claras, mas ela não conseguia distinguir entre coração e razão. Porque nesse caso, a razão pode fazer o coração parecer menos presente, importante, significante.
Eles ficaram juntos uma última vez e eles olharam um nos olhos do outro quase o tempo todo. Foi lindo.
Ele a levou para o aeroporto novamente. Ela estava tão feliz em ir para casa que foi mais fácil dizer tchau do que a última vez. Mas somente até o avião começar a decolar. Ela começou a chorar e só parou quando adormeceu.

O final (?) – Na Terra do Samba
Ela estava feliz em ver a família, amigos e cachorros. Mas era isso. Nada mais.
Agora ela acredita no amor. Bem, pelo menos em paixão. Mas ela imagiina se o amor pode durar para sempre ou se o amor tem que acabar em sofrimento... sempre. Ela pode controlar sua cabeça, mas não pode controlar seu coração. Para ela é o pior sentimento de todos. Ela sabe o que ela quer e não depende só dela fazer acontecer.
Ela pode voltar para a Terra do Inverno. Primeiro por um período curto novamente e depois por um longo. Mas, será tarde demais?
As vezes ela gostaria de esquecê-lo, apenas para evitar sofrimento. Ela não sabe o que está acontecendo com ele, como ele se sente sobre isso, por ela, se ele sente saudade dela ou não, se ele ainda quer vê-la novamente ou não, se ele quer manter esse sentimento e tentar... bem, ela não tem nem certeza do que ele sentiu quando eles estava juntos. O que ela pensa é baseado no que ela sentiu, não no que ela ouviu. E ela não sabe por quê é sempre importante ouvir algumas coisas, não apenas senti-las.
As vezes ela não quer esquecê-lo. Ela quer ser forte e lutar por ele. Voltar e tentar. Ver o que acontece, viver mais disso ou perdê-lo para outra garota ou vida ou tempo.
Ela se sente estúpida porque ela ainda está apaixonada por ele, mesmo que eles tenham se falado brevemente duas ou três vezes. Ela pensa nele todo dia. Ela lembra dele várias vezes. Ela gostaria de poder estar com ele, voltar em alguns dias, mas ela não pode apressar as coisas e o relógio, e mais importante, ela não pode mudar as regras! Ela tem que terminar o trabalho. Ela quer saber o que está acontecendo com ele, mas ela se sente mal porque ela começou as últimas conversas. É como se ela quisesse falar com ele, mas ele não quisesse falar com ela. Ela está perdida e incompleta. E se sentindo estúpida. E ainda assim, ela não sente vergonha de mostrar isso. Outra grande mudança nela!
De qualquer forma, os sentimentos podem ficar ou ir, eles podem ou não ficar junto uma vez ou várias vezes novamente, mas ela nunca esquecerá essas páginas de sua vida e as mudanças que ele causou nela (ou que fez continuar), boas, ficaram. E no final, esse é o final feliz. O que acontece que nos transforma, nos torna melhores. Os bons momentos da vida, os momentos que nos fazem felizes. O passado que a gente olha com alegria. A garota quebra-cabeça ficará bem. É apenas outra fase de adaptação através de mudanças e novas decisões. E para quem sempre sabia o que fazer, é realmente uma adaptação!

Comentários

Milena disse…
Paty!!!

Quando eu falo que tenho orgulho dessa menina... é por isso!
Ma-ra-vi-lho-so!!! Sensível e muito bem escrito.

E como eu acompanhei, mesmo que de longe, as aventuras da menina quebra-cabeça desde o começo de sua aventura na Terra do Inverno, ri e me emocionei com tudo que acabei de ler.

Nenhuma mudança é fácil. Tenho certeza que a menina quebra-cabeça vai saber tirar o máximo de proveito da experiência que teve e das mudanças que aconteceram a partir dela.

E vai ser muito feliz, sempre, independente de onde ou com quem.

Adoro vc!!!
Bjs...

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