Nos trilhos: Churchill-Gillam-Churchill

Dia 11 de julho. Acordamos cedo, café da manhã e fomos para a estação de trem.

Chegamos lá e nada do rapaz responsável pela caminhonete que anda nos trilhos do trem! Pergunta de lá, pergunta de cá, descobrimos que ele está em um hotel. Fomos até lá e ele pediu para a gente encontrar com ele 10h. Bom, ainda faltava uma hora, então fomos tomar café da manhã de novo. Ovos, torrada e “harsh browns”, que é batata picada em cubos frita. Voltamos na estação, colocamos as coisas na caminhonete especial e fomos!

Vi a tundra, lagos e mais lagos, pinheiros e mais pinheiros e fiquei encantada com os liquens que cobrem quase tudo. No começo pensei “O que é isso? São flores? É areia?”. Era líquen. No primeiro dia eram fofos, porque tinha chovido, a gente pisava e afundava. Parecia que estava andando em um colchão.

Vi paisagens de “transição”, que tem características de tundra, mas que já possuem árvores maiores. E chegando em Gillam vi a floresta boreal. Linda!

Agora, tem uma coisa que irrita, as porras das moscas. PQP! Nunca vi tanta coisa querendo te picar junta. Pequenas moscas pretas, passando por pernilongos de todos os tamanhos, até as moscas cavalo, que são enormes! Bichos nojentos. Cada vez que abria a porta quando a gente parava entravam várias na caminhonete. Graças a Deus que são burras pra cacete e ficam tentando sair ao invés de vir picar a gente! Ainda bem que tinha minha jaqueta contra insetos!
Colocamos três tipos de armadilhas em três pontos, se não me engano. Ao abaixar no chão para colocar os ganchos de uma armadilha sempre sentia o cheiro de pinho, tão refrescante vindo das plantas. O dia que começou chuvoso acabou ensolarado. Bom, não para trás da gente...

Chegamos em Gillam ao redor de 20h. Cidade hiper minúscula! A recepção do único hotel da cidade estava fechada! Uma pessoa chamou a pessoa responsável para a gente poder fazer check in. O restaurante estava fechado, assim como o resto da cidade. Nada de cerveja para a gente hoje... e nada de comida! Sorte que fiz sanduiches a mais para o almoço. Comemos e eu fui para o meu quarto. Assisti um pouco de TV, ouvi um pouco de música e capotei! Que canseira! Também né, 10 horas de viagem.

Dia 12 de julho. Como foi bom dormir! Fui tomar café e era para a gente ter saído 8:30h. Mas... partimos do hotel era 9:30h. Passamos no supermercado e adivinha?! FECHADO! Hahaha Entramos felizes pensando no que comprar para comer na viagem de volta e duas moças vieram pedindo para a gente se retirar porque o supermercado não funciona de segunda. Como assim não funciona em SEGUNDA?! Que porcaria de cidade é essa?! Saímos rindo... rindo para não chorar... e o Peter ainda brincou “eles fecham de domingo e segunda e não funcionam de terça e quarta” hehehehe Sorte que o posto tinha uma lojinha e podíamos escolher entre chips e cereal. Compramos um pacote de batata e suco. Ninguém merece passar o dia só com isso, mas melhor do que passar fome.
E finalmente pegamos os trilhos do trem de novo. Hoje com cinco locais para montar as armadilhas. O primeiro local liiiinnnndo! Floresta boreal! Apaixonei. Mas que difícil de andar pelo meio. Galhos dos pinheiros, o solo todo irregular e os liquens fofinhos. Quando terminei fiquei sabendo que o patrulheiro, quem dirigia a caminhonete, viu um urso negro nos trilhos do trem, ali pertinho e entrou na floresta. Puta merda, que ódio! Eu estava lá no meio da floresta. Nesse caso, ainda bem que não vi lá no meio. Não dá para sair correndo de jeito nenhum! Queria tanto ter visto viu! Mas só de saber que tinha um pertinho deu uma emoção!
Como tinha um trem nos trilhos ou algo assim a gente saiu dos trilhos para passar por ele pela estrada e retornar para os trilhos na frente. Ai começou o dia de cão. Nos perdemos! E como todo homem, o cara não pegou o rádio e perguntou até que passou 40 minutos. Achamos os trilhos, mas agora tínhamos que esperar por informações e ter permissão para seguir em frente. Paramos a duas milhas do próximo local onde colocaríamos armadilhas... pertinho! Bom, ele deixou a gente colocar. Terminamos e esperamos lá uma hora e meia porque o rádio parou de funcionar. Conseguimos no mover de novo era 16h, mas aí chegamos em um ponto onde tivemos que esperar um outro trem passar. Descemos da caminhonete, coletamos umas abelhas com rede, tirei umas fotos, vi flores lindas e outras coisitas mais, como morangos!
Fui no “banheiro” e claro que algum inseto maldito mordeu minha bunda. Filha da puta! Passa o trem, desce um monte de gente que entra em uma caminhonete. Espera 15 minutos da hora que a caminhonete partiu para o trem sair da nossa frente. Aí a gente espera mais 15 para poder andar na direção oposta. E nessa voltamos a andar era 19h! Que canseira! Que sede! Que fooooooooooooooooooooooooome! Tudo o que eu queria era uma lanchonete na beira dos trilhos hahaha Ai, que irritante essas moscas!!! Pelo menos estamos andando de novo e ainda faltam 3 lugares para montar as armadilhas.
Começo a ver os lugares lindos novamente e passa a aflição.
E como não choveu, agora o líquen estava crocante. A gente pisava e fazia chunch crunch hehehe
Finalmente chegamos em Churchill novamente. 23:15h! Morta, com fome e com sono, mas tão feliz! Um sanduba, banho e ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ!

Comentários

Renata disse…
Quanta "emoção" num único dia hein?rs
Beejoo.

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